Save the date!*
Ontem tive a felicidade de ser convidada para ir ver o Bridesmaids que, segundo o já nosso habitué, nisto das citações, Ricardo Gross, é um “womance”, derivação no feminino do “bromance”, género a que o produtor do filme (Judd Apatow) tem vindo a estar associado: comédia a partir da “comédia romântica” que centra a acção nas relações de amizade/fraternidade das personagens, companheiros/as para o bom e para o mau que atravessam juntos/as todas as peripécias que um filme cómico lhes inflige.
Ora, eu que não tenho a cultura cinematográfica do Ricardo Gross mas que lhe leio nas linhas e entrelinhas coisas que me interessam reter das apreciações que faz aos filmes, aproveito para aqui deixar alguns apontamentos que talvez vos/nos interessem.
A saber: Bridesmaids (“A Melhor Despedida de Solteira”) é uma comédia despretensiosa mas bastante “esperta”. :) Nem tudo são rosas e o filme não é tão ligeirinho como se possa pensar, nem tão fácil. Há, aliás, um momento bastante duro e difícil, embora bastante cómico. “Delirante” talvez seja a palavra!… Não quero estragar-vos a surpresa do filme mas é a cena em que as várias (e bastante heterogéneas!) damas-de-honor vão experimentar os vestidos e são surpreendidas por uma “intoxicação alimentar colectiva”… bem, só vos digo que é das coisas mais corajosas de se fazer com mulheres – despi-las de pudores e de medo do ridículo ao limite do “bom tom”… mas é também disso que se fazem as boas actrizes (e actores) e isso, per se, dá um (outro) post.
Com este filme passamos em revista uma série de conceitos, preconceitos e fatalidades que nos polulam a vida. Os relacionamentos amorosos, as amizades, “a mãe” (está lá, está lá, ainda que de forma discreta), etc., etc…
Há um momento em que a já minha favorita (até ontem desconhecida) Kristen Wiig, actriz principal do filme (tão gira, tão bonita na sua já não tão jovem idade + rugas + vida gravada na pele, tão boa actriz – e que pernas, meu deus que pernas!), conta à amiga ao telefone, tentando resumir, que “dormiu com um polícia que a multara e que quando acordou percebeu que ele era bom tipo e por isso fugiu de imediato”… para mim é uma das grandes frases do filme, assim en passant, porque embora seja um dos clichés que a película aborda, é daquelas coisas que nunca é demais lembrar e esmiuçar: essa tendência que temos (pelo menos em alguns momentos da vida) para o disparate, para as relações perversas, ao invés de nos pouparmos e estimarmos! Annie (a personagem principal), mantém um relacionamento que a destrói com um tipo “giro e bera”, tentação de que não consegue fugir. Quando se depara com um outro tipo, giro (não estereotipado) e “saudável”, não é de imediato atraída e nem sabe bem como lidar com aquilo (eu levava-o para casa, àquele “urso” grande e mimalho – mas só hoje em dia, que antigamente talvez não me despertasse os instintos… :) Esse é, aliás, outro nome a reter: Chris O’Dowd.
Enfim, uma comédia inteligente, leve e não-tão-leve (não porque seja melodramática mas porque arrisca em zonas de desconforto “estético” e conceptual), um momento muito bem passado!
Veredicto: a ir!
*Save the date: expressão utilizada no envio de notificações ou convites para eventos importantes, como o casamento, lembrando os convidados de que devem marcar na sua agenda a data do evento de forma a reservar o dia para que possam comparecer.
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Adenda: Faltou um grande aplauso para Melissa McCarthy e Rose Byrne. Só boas meninas! :)
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Check out what others are saying...[…] pela cabeça a ver se me lembrava de filmes que passassem no teste e, para além de me ocorrer o Bridesmaids e o The Help, de que falam no vídeo, ocorreu-me este… será que passava no teste? Julgo que […]