Síndrome Bambi

Hoje ouvi na rádio que é Dia Mundial da Animação e por animação entenda-se “desenhos animados”.
Vieram-me logo à cabeça uma data de coisas boas, momentos bem passados, entre o pasmo e a delícia, no cinema ou no sofá, deslumbrada com aqueles magníficos traços animados com que alguns – génios – nos presentearam!
Eu sou uma fã devota da Disney, da Pixar e da Dreamworks e devo ser de outros estúdios e pequenas produtoras de animação cujo nome lamentavelmente desconheço (mas aí está algo que ainda posso corrigir), cujo trabalho, regra geral, me deslumbra, entretém e alimenta o espírito e a alminha.

Quando pensei na minha primeira recordação cinematográfica e de animação, porque coicidem, veio-me logo à cabeça o meu primeiro grande cagaço: a bruxa, terrível, da Branca de Neve!



P*rra, que medo!! Eu, minúscula, não sei com que idade, no cinema com os meus pais (menor de 6 anos, é certo, que depois disso eles seguiram as suas vidas em separado), um de cada lado, rodeados de escuridão, enquanto aquela criatura absolutamente aterradora dava gargalhadas crípticas no ecrã gigante!.. Não sei como não fiz chichi ali mesmo mas lembro-me de quase me enterrar na cadeira…


E então pensei, caneco!, como os filmes de animação podem ser traumáticos para as criancinhas!..
E nós, geração privilegiada de um determinado momento Disney, somos os mais traumatizados de sempre.
A NÓS MORREU-NOS A MÃE DO BAMBI!!

Caramba, conseguem pensar em desgraça pior?!
Ok, ok, a morte do Chanquete no Verão Azul também nos trouxe um sofrimento dilacerante, mas nada como aquela criaturinha doce e inocente a ver a mãe morta! A mãe que o queria proteger de todo o mal (ao seu doce filhinho) morta debaixo de fogo dos caçadores cruéis…
Aquilo é de tal maneira devastador na mente de uma criança que eu ainda hoje não consigo encarar a cena… e só de olhar para a carinha do Bambi fico logo com as emoções em alvoroço…


Nunca mostrarei tamanha crueldade às minhas filhas, da mesma maneira que não vemos noticiários. Aliás, aos 37 anos eu continuo a só ver a Disney!… ou o Jim Jam (e o Ruca no Panda)…



Depois disso, papámos O Livro da Selva, para mim um dos melhores filmes de sempre!

A música é toda ela deliciosa, uma lição de ritmo e swing, a puxar pelo pézinho, para a dança, até dos mortos!.. Esse já mostrei às minhas filhas e já o dançámos freneticamente durante cerca de duas horas – cão incluído na euforia – perante uma plateia de vizinhos incrédulos, quando vivíamos num apartamento envidraçado e à data sem cortinas, num anoitecer que deixava ver a nossa casa iluminada. :)
Mas O Livro da Selva é, provavelmente, o grande responsável por eu não ser uma pessoa especialmente ambiciosa ou amante do vil metal (isso e determinados episódios em que o meu pai desfazia notas à minha frente enquanto dizia “o dinheiro não vale nada” mas isso são outros quinhentos…).
Ora reparem bem, caso não se lembrem disto como eu, no trechozinho que se segue:

Ainda conservo o disco, em vinil, da banda sonora da versão brasileira – o Mogli É brasileiro, assim como o Balu e o Baguera!…
(e a deliciosa marcha dos elefantes, com o coronel cuja voz era a de um dos “Coronéis” da Gabriela, a telenovela – outro post!)


O Papuça e Dentuça também nos trouxe sofrimento, quando nos deixámos envolver pela amizade pura de uma cria de raposa e de um cachorro que tiveram que se tornar inimigos mortais. Mais uma vez a culpa era dos homens e caçadores!





Mas da Branca de Neve falta ainda dizer que, para além do perigo imediato e que conseguíamos identificar (a bruxa), havia também o inimigo dissimulado, o conceito infiltrado e desleal: lá vinha o príncipe salvar-nos e a Branca de Neve cozinhava e passava a ferro ao mesmo tempo, enquanto dançava e cantava, e tomava conta de 7 anões!!…
Só me vem isto à cabeça:

fotografia de Dina Goldstein

Claro que temos todas as outras pricesas Disney daquela era sempre à espera do príncipe encantado que as salva da morte e lhes garante a felicidade eterna, nem vale a pena enumerar.
E lá ficámos nós, tão emancipadas, ainda à espera do relinchar do cavalo branco… mas isso também dá direito a outro post.
Já agora, porque não, podemos sempre relembrar uma coisinha que escrevi há tempos e que fazia a ponte entre a fotografia acima e isto de que acabei de falar, en passant.


Bom, mas há esperança, pelo menos na animação!..
E, de há uns tempos para cá, eu sou fã, mesmo, é da Idade do Gelo!.. 1, 2, 3 e já lá vem o número 4!! ^_^


E há ainda aqueles que decidem enfrentar os fantasmas da sua infância e fazem coisinhas deste calibre:

Ah, ah, ah!…
Shhh, pronto, já passou!..


Comments
2 Responses to “Síndrome Bambi”
  1. triss diz:

    Não posso deixar de comentar!
    Também eu fiquei traumatizada com a morte da mãe do bambi, e esse é o único filme que não fui capaz de rever. Talvez se fizerem um Bambi Director’s Cut, ou um Bambi Redux, sem a dita cena, eu o volte a ver.
    (caramba que fiquei com um nó na garganta com a imagem do bambi na neve)
    Há só um filme que me desiludiu profundamente, depois de vê-lo em adulta, que foi o Dumbo. Dá dó.
    Quanto ao Livro da Selva, para mim é o melhor filme da Disney e o “Necessário” um lema de vida. Lembro-me de ir dormir a casa dos meus primos, e antes de irmos para o Beiral, pormos o LP e dançarmos ao som desta música, com as nossas carcaças com manteiga na mão:-)

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