Como sobreviver ao Dia das Bruxas

Olá! Antes que me cuspam já em cima deixem-me dizer-vos que acho um disparate esta ideia de importarmos tudo o que é tradição alheia, que não nos diz nada, e desprezarmos completamente uma série de costumes da nossa cultura, ainda que numa misturada meio pagã, meio religiosa, e que, mesmo que nem pensemos nisso, estão enraizados nas nossas vidas e naquilo que nos formou… (touradas à parte, que há coisas que bem podemos ir largando pelo caminho, e outras! – mas não vou pegar nelas agora).

Disparate ou não, o que é certo é que (no meu caso, por exemplo) a escola onde presentemente tenho as miúdas importa uma série de coisas da cultura anglo-saxónica, por lhe estar ligada. E se há coisa que não vou certamente fazer é transformar as minhas filhas no bastião ou no estandarte da luta contra a aculturação. Passamos, portanto, a outra questão: como fazer com que pertençam a ambos os mundos…

Se a mais nova se quer mascarar de fantasma, vai mascarada de fantasma, que eu, bem entendido, adooooro uma boa oportunidade para mascarar a malta.
Agora, como, ainda assim, contornar um pouco a coisa?..

Ficam algumas sugestões para quem, de alguma forma, tenha um pé dentro e um pé fora do Dia das Bruxas.

Na quinta-feira é feriado e, para muita gente, dia de ir ao cemitério ou de lembrar os mortos mais próximos.
Como não tenho educação religiosa (aí está uma vantagem, aos meus olhos, da escola das miúdas: é laica), é hábito que não tenho.
E assim proponho, porque não, para relembrar familiares que já não temos por perto ou momentos bem passados entre os vivos, reunir tudo em livro (fotografias, histórias, etc) e imprimir, com um acabamento profissional, na Blurb.
 
Recentemente algumas amigas têm vindo a fazê-lo e eu já passei várias vezes pela experiência e recomendo vigorosamente, mesmo que haja por perto “impressões fotográficas de qualidade”, em livro ou em album… esqueçam! Os livros da Blurb chegam-nos às mãos com o aspecto dos livros que vemos nas livrarias. Como os da Taschen, por exemplo. O Design fica por nossa conta, todas as opções também, do tamanho ao papel, passando pelo tipo de capa. E é a melhor maneira de passar para a estante as centenas de fotografias que temos perdidas no disco rígido…

 

Agora, voltando à questão dos disfarces. É, essencialmente, ver o que querem os miúdos. É uma das boas alturas para que possam escolher o que querem vestir, encarnar. Mas não pude deixar de achar graça a este link “I Hate My Hipster Parents and Halloween! Why Can’t I Just Be Elmo? I’ve never even heard of Andy Warhol!“, em que uns pais (a ideia de pais hipsters já me dá vontade de rir) boicotam os desejos dos filhos e manipulam a escolha da máscara a seu belo prazer. Os resultados são deliciosos…
Ficam aqui as imagens caso possam fazê-lo sem frustrar demasiado as crianças:

 

 

Se para além dos filhos os pais também têm que se mascarar, por algum motivo, e visto que os homens estão melhor servidos de opções de disfarce do que as mulheres, a quem geralmente se pede que tudo seja sexy: enfermeira sexy, vampira sexy, bruxa sexy, etc., aqui fica uma sugestão engraçada, retirada dos filmes de terror. A escolha recai sobre Os Pássaros, de Alfred Hitchcock, e Carrie (de que, nem posso acreditar, tiveram a ousadia de fazer um remake… já não há lugares sagrados…).

 

 

Se, por outro lado, ninguém se vai mascarar mas vão passar o feriado em casa, saibam que na SIC vão gramar com o início da saga do Twilight. Como alternativa, ou para contrabalançar, principalmente se têm filhos pré-adolescentes, podem sempre oferecer-lhes o Where the Wild Things Are, o filme, retirado do belíssimo livro de Maurice Sendak.
Pelo menos aborda-se, de forma franca e longe de alguns estereótipos, as convulsões da infância ou da própria adolescência, a revolta (muitas vezes dirigida aos pais), os sentimentos de que quase toda a gente se inibe de falar. E é de uma beleza estética…

 

 

Para os mais pequeninos – ou para pais que continuem a gostar de animação – e melhor do que o Monstros Vs Aliens que a SIC vai transmitir, há o excelente Monstros e Companhia, sempre bom de descobrir ou rever.

 

 

Para ler, aproveitar, por exemplo, a reedição pela Antígona dos dois volumes de “A Vida e Opiniões de Tristram Shandy”, parte 1 e parte 2.

 

 

E para acabar a noite em beleza, esperando que não alterem a programação, não sei se já se deram conta de uma telenovela brasileira que veio salvar os produtos do género do marasmo porno-pop que a televisão passa pela noite dentro. Não, não é a Gabriela versão “quantas mamas cabem num episódio de 40 minutos”!
É aquela que veio mostrar que não precisam de remakes paupérrimos de produtos testados e com garantia de qualidade! Deixem lá estar as obras-primas onde deviam – e mostrem-nas a quem nunca viu, sff!

 
Para entretenimento novo, bem escrito, com actores que saibam aproveitar os papeis que lhes dão, homens bonitos tão expostos como mulheres bonitas (ainda não vi mamas, mesmo que se pudessem justificar) e, essencialmente, um argumento que nunca deixa de surpreender, há a Avenida Brasil!

 

Devia ter-vos falado nisso antes… mas se ainda não viram e estão numa de, como aconteceu comigo ao fim de muitos anos de abstinência, se viciar numa boa telenovela, procurem no Youtube os primeiros episódios (em que a acção recua 12 anos) e sigam a partir de agora (vai no episódio 26 ou 27…)!
Uma farsa contemporânea, deliciosa, em que nos apaixonamos tanto pelos heróis como pelos antagonistas, pelos vilões, pelos feios e pelos bonitos, e sempre com surpresa a trás de surpresa…

 

 

Bom feriado, boas festas ou bom sossego!
Até já!

 

Comments
One Response to “Como sobreviver ao Dia das Bruxas”
  1. amotemilmilhoes diz:

    Lia, descobri a Avenida Brasil há umas semanas por causa de um comentário teu no fb. Voltei todas as noites e continuo a achar que é uma das melhores telenovelas que têm passado por aí. Há cenas tão bem feitas que me levam a esquecer de que é de facto uma telenovela. Aqui, até o menino bonito é bom actor! :)

    Where the wild things are é um filme tão bom que ainda me causa arrepios. Adorei e talvez o vá ver com o Miguel desta vez!

    Um grande post, mais uma vez!

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