O que usar em 2013

2013

E pronto, começa um novo ano. Não houve, como seria de esperar, tempo para vir aqui fazer listas de prendas, tops-ten ou sequer tops-five.
Nem tempo para falar de tantas outras coisas muito mais importantes ou que pelo menos para mim fazem muito mais sentido.
No entanto, tentando ser fiel à época, vou deixar alinhavadas algumas sugestões para 2013, que transitam das minhas experiências de 2012.
A coisa é quase aleatória porque continuo com uma lista infindável de filmes para ver, livros para ler e a vida toda para levar.
Não deixa de ser irónico que grande parte dos comentadores televisivos (da política, da actualidade) ou até dos blogues (da cultura, do amor, etc.) seja malta muito dedicada ao consumo da última notícia ou do último hit mas com muito pouca experiência prática de vida. E como cagam sentenças! Se o conhecimento científico caiu em desuso, parece que o empírico também não anda em boas marés. Sinal dos tempos que vivemos.

Mesmo a respeito disso e de algumas outras coisas (uma conversa que tive no Verão, onde tentava explicar que qualquer dia não há quem saiba construir pontes, por exemplo, e o post do outro dia (um deles) – está tudo ligado, tudo ligado….), uma das sugestões que aqui deixo é (não se deixem assustar pelo subtítulo, fiquem-se pelo título principal – porque NÃO é um livro de auto-ajuda), quase em simultâneo com a minha própria leitura (que ainda não o acabei):

OMedoDaInsignificancia

O Medo da Insignificância – Como dar sentido às nossas vidas no Século XXI, de Carlo Strenger.
Um ensaio sobre o momento actual, o Homo globalis, produto também do Infotainment system, expressão que junta os sistemas de informação e de entretenimento dos meios audiovisuais (“Sistema de informação-entretenimento”), que cedeu à mercantilização do eu e consequentemente à instabilidade permanente da auto-estima, que esqueceu o processo pelo qual nos tornamos indivíduos com carácter, voz e visão do mundo, procura a salvação na espiritualidade pop ou na cultura da auto-ajuda, crente de que tudo é possível e de que a vida tem que ser espectacular. Esta época em que não procuramos ser competentes ou sabedores mas antes bem cotados num qualquer sistema de rating, nem que seja o número de Likes no FB, quantidade de amigos (estranha definição de amizade, em que a qualidade é definida não pela relação que temos com eles, ou eles connosco, e o interesse da “amizade” não está no relacionamento em si mas no grau de visibilidade, fama ou status que esses amigos têm) ou seguidores…

Seguindo nos livros, desta feita em inglês e com enfoque em questões feministas (or shall I say humanistas?), alguns deles já vos mencionei anteriormente, outros não (e sei que isto assim a seco, descontextualizado, pode até parecer estranho. Os títulos, as imagens… mas vale a pena):

FemaleChauvinistPigsLivingDolsHowToBeAWoman
Female Chauvinist Pigs: Woman and the Rise of Raunch Culture, de Ariel Levy;
Living Dolls: The Return of Sexism, de Natasha Walter
e How To Be a Woman, de Caitlin Moran.
Os primeiros dois são mais informativos. Estudos, entrevistas, investigação sobre o posicionamento feminino no contexto actual, quando, por alto, se pensa que o machismo ou a misoginia são coisas do passado. Como as mulheres se comportam agora na sociedade, inclusive as gerações mais novas, e como a sociedade vê as mulheres. Alguns dados são perfeitamente assustadores e pareciam impossíveis no mundo ocidental de hoje.
A terceira obra oferece uma visão mais pessoal do que é ser mulher na actualidade, podendo concordar-se ou não com vários aspectos, mas muito divertida e bem defendida.

Ainda, assim com um tiro no escuro porque não tenho o livro mas espero vir a ter!, uma sugestão para todos os géneros (m./f.) e idades:

JimHensonImaginationIllustratedmichael-jackson-the-experienceImagination Illustrated: The Jim Henson Journals

porque… quem cresceu sob a influência de Jim Henson e das suas personagens, humor, estética e talento, não esquece e não ultrapassa nunca o magnífico que foi. :)

Ainda no campo das recordações e marcas geracionais mas focando talentos que as transcendem, deixem-me sugerir uma coisinha relacionada com o Michael Jackson.

Não necessariamente o espectáculo do Cirque du Soleil (que talvez valha bem a pena, não sei!), mas o jogo da wii “Michael Jackson: The Experience” (parece que também há para outras consolas). Comprei-o para as miúdas em promoção (mesmo muito barato) e revelou-se o melhor jogo de todos os que temos cá em casa. Jogo de dança, em que se pretende reproduzir os movimentos (impossíveis?) de MJ nos telediscos, ao som das suas inúmeras criações musicais. É assim um dois em um: cd/audio e jogo/dança. Claro que está a pessoa a tentar reproduzir os braços (e a falhar) e está ele a fazer , em simultâneo, outros trezentos e quarenta e dois movimentos com a anca e quatrocentos e sessenta e sete com os pés, mas com a práctica…

Dos livros (e jogos de consola) para os discos. Ouvi pouca coisa em 2012. Tenho pouca margem para música no meu universo de miúdas com televisão ligada, “mãe, mããããeee!” em permanência e cabeça ocupada em pensamentos. Mas do que ouvi e não me pesou (e cheguei mesmo a dar o passo de “possuir”) ocorrem-me duas coisas:

Minta&TheBrookTroutAbraçaço O lindíssimo Olympia, dos Minta & The Brook Trout (falei dele aqui) que continuo a não me cansar de ouvir e o fabuloso Abraçaço do Caetano Veloso (também falei dele aqui), para quem gosta de Caetano Veloso há muito tempo, de muitas fases, para lá de Marraquexe, mexe. :)
Encerra um ciclo, já sem estranheza, perfeitamente vivido, assimilado e fundido com o velho Caetano.

E porque ainda não acabei o post mas até eu já estou farta dele, um breve apontamento sobre filmes que andam por aí.
Tenho dificuldade em falar-vos de filmes que me tenham arrebatado este ano (perdão, em 2012!) e de que ainda não vos tenha falado aqui.

LifeOfPiAnnaKareninahotel-transilvaniaBraveAmourentreirmasTabuTropicalia

Do que está em sala, numa de fantasia, podemos espreitar A Vida de Pi ou Anna Karenina.
Ambos com o melhor que o cinema, enquanto entretenimento, tem para dar.
O primeiro tem mais poesia na tela, beleza visual, e ternura. O segundo tem recursos estilísticos, dos cenários às coreografias, que tornam toda a acção num rodopio aprimorado pelos mestres de cada disciplina. Mas se procuram a intensidade dramática o melhor é mesmo ler a obra, reeditada pela Relógio D’Água.

Para crianças mais pequenas (e não só!), há um inúmeras opções em cartaz. Do que vi:
O divertido Hotel Transilvânia, e agora em DVD, o Brave.

A vida tão real que até dói pode ver-se em Amour. Belos actores, registo naturalista, duro. Não virão de lá mais leves. Mas nem sempre é isso que se pretende. :)

Uma comédia romântica ligeirinha mas agradável, não necessariamente estúpida ( e, para mim, bem realizada): Entre Irmãs.

Para rever em sala (agora em Janeiro no Nimas) ou em DVD, o Tabu de Miguel Gomes, considerado um dos melhores filmes do ano 2012 por esse mundo fora.

Também é de se tentar pôr as mãos (e os olhos e os ouvidos e o corpo, já agora) no documentário Tropicália, entretanto editado em dvd. Vi-o no DocLisboa e fiquei eufórica.

TheMaster Få meg på, for faen ThePaperboy LolaVersus

Do que para aí anda, bem cotado mas de que NÃO gostei: The Master – Para mim o filme resume-se em poucas cenas e o resto é tortura. Uma delas é a do Freddie Quell (Joaquin Phoenix, muito bom) a masturba-se na praia (e, a escolher uma, essa bastaria) e a outra a da mulher do The Master (Philip Seymour Hoffman, muito bom como sempre) a aliviar o marido com as mãos (sim, sim) enquanto lhe prega o sermão (e lhe diz que pode fazer tudo o que quiser desde que ela não saiba). Ou seja, um filme que dura uma eternidade, não deixando de ser expressionista no que toca aos grandes planos sobre os actores talentosos e capazes, sobre pulsões sexuais (essencialmente masculinas) e o uso que se faz delas, ou se se consegue ou não (e se se deve) contrariá-las, com as mulheres enquanto entidade castradora ou veículo de libertação desse desejo (mas não necessariamente o objecto, individual, de desejo).
Imagino que seja necessário algum tipo de identificação com as personagens (encontrar um animal sexual reprimido e frustrado em si ou coisa que o valha) para suportar o filme sem que se torne massacrante, embora o crítico do Expresso diga que não (no final, quando falava em catarse, na edição do fim do ano) e, imagino, muita gente que não me dei ao trabalho de ler (porque o filme é altamente apreciado).

[Sobre a mesma temática mas sob um ponto de vista completamente diferente, porque não espreitar o estranhíssimo (mas depois entranha-se) “Turn Me On, Dammit!“, no original um impronunciável “Få meg på, for faen”, filme norueguês sobre o desejo/líbido aparentemente incontrolável de uma miúda de 15 anos e o impacto que ele tem na sua vida familiar e social, gerando alguns equívocos. O filme assiste-se entre o choque (estes nórdicos são loucos) e a boa surpresa (simples, bonito e doce, afinal).]

Também NÃO gostei do The Paperboy, Um Rapaz do Sul, que achei um desperdício de bons actores (competentes no filme, no entanto), por um argumento incapaz e uma realização que destrói qualquer clímax final pelo modo como resolve a trama (que podia ser a mesma mas tratada de outra forma). Se o filme é pontuado por momentos “altos” mais ou menos retirados do imaginário colectivo (e até por obra e feito de outros filmes), não deixa de parecer tudo um pouco aquém (ou bastante). Mas para quem não se aguente nas cuecas por ver a Nicole Kidman a masturbar-se numa cadeira ou a dar um golden shower ao rapazinho (aqui o prazer, supostamente, será do espectador, uma vez que o acto tem o intuito de salvar uma vida – mas também se joga com a ambiguidade das relações carregadas de sexualidade das personagens), ou por ver o Zac Efron de boxers, pode ser uma boa escolha. :)

[Já o Matthew McConaughey mostra aqui o rabo mas tem muito melhor papel no fabuloso Killer Joe, que já teve várias datas de estreia previstas para Portugal (pós LEFFest) mas nenhuma se concretizou e foi um dos filmes que mais gostei de ver em 2011, ano em que de facto me deslumbrei no cienma. Arranja-se?]

Há também um filmezinho curioso,o Lola Versus, este um bocado mal cotado (but then, who cares?) no IMDB, mas a que achei alguma graça. Com a sempre deliciosa Greta Gerwig, que dá corpo a uma Lola que vê chegada a altura, ainda que de forma involuntária, de redefinir as prioridades da sua vida agora que chega aos 30 anos e vê o noivo (namorado de anos) desistir inesperadamente do casamento. Acaba em doutoramento, digo-vos eu, e numa recuperação substancial da auto-estima. Ora aí está um filme positivo! ;)

Falta-me ver o Holy Motors e talvez depois vos diga alguma coisa.

Girls

Já em séries, bem sabem, a minha escolha vai toda para a Girls (não que tenha visto muito mais, mas pelo que já vos disse aqui).
Já existe em DVD e parece que no iTunes, mas não sei se há restrições regionais à venda.
A 2ª temporada começa já dia 13 de Janeiro. Estou à espera.

E, para terminar, se aderirem ao iPad (nós aderimos por cá, foi a melhor prenda colectiva que possam imaginar: dá para todos e, apesar do preço, rende muitíssimo porque as aplicações (APPs) são muito variadas e baratas, quando não gratuitas), aqui fica uma sugestão para crianças: O Toca Hair Salon (o original e o 2) da Toca Boca. Divertimento garantido. E vale a pena espreitar os outros jogos que eles têm.
O Pudding Monsters, o Pepi Bath e o Clay Jam também valem a pena (o da gelatina e o da plasticina também têm tomado o meu tempo).

E é isto. Ou é o que saiu. :)
Bom ano!!

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