Malbarato

Ora bolas, que pena!..
Midnight in Paris tinha tudo (ou tinha tanto…) para ser tão bom e não é.
É um desperdício de meios. Talentos, beleza, dinheiro…
Salva-se a Marion Cottilard, linda e adequadíssima ao papel (ainda que com algumas pinceladas de esteriótipo – mas nada que se aproxime do patético, confrangedor, Hemingway), Rachel McAdams no papel da noiva interesseira, desencantada com o futuro marido e deslumbrada com o amigo pedante, e os pais da noiva, Kurt Fuller e Mimi Kennedy. E Adrien Brody, com aquele dom que ele tem, num Dalí perfeitamente plausível (e que tão facilmente poderia ter caído na caricatura da caricatura…).
O Owen Wilson não me aqueceu nem arrefeceu – mais um desperdício – entre a simpatia que desperta e o “espanto” demasiado mimado (do ponto de vista da representação – “representar com mímica”).
Quase tudo o resto foi tratado ao desbarato  – à excepção da fotografia e guarda-roupa (e a música, claro está). Mas mesmo no que diz respeito à fotografia, das duas uma: ou aquelas imagens iniciais de Paris foram feitas por outra equipa (mas porquê utilizá-las na montagem?) ou não se percebe o tratamento vil, os maus enquadramentos, o descuido e despreparação da recolha… uns postais muito toscos de Paris que nem num registo blasé se ancaixam… parecem meramente amadores. Feios. E maus.

O que mais me decepcionou, creio, foi o retrato caricatural das inúmeras personagens históricas que, ainda que pudesse alimentar o lado cómico da trama e do absurdo, não o servia dignamente. Um bocadinho mais de contenção não nos tomava por tão parvos.
A Bruni faz figuração especial sem que isso acrescente alguma coisa.
O argumento merecia melhor concretização. Digo eu…
Com muito menos o Woody Allen já fez muito mais.

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  1. […] Supid, Love é um filme muito esperto e, coisa que vai rareando, honesto. Ao contrário do outro que me desapontou na semana passada, sendo certo que se inserem em universos diferentes, “Amor, Estúpido e […]



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