Yoga, eu?!

Bem, então, ando para falar nisto há algum tempo mas tenho andado a adiar porque não percebo nada do assunto. :)

Toda a vida passei ao lado do desporto e cheguei mesmo a odiar a ideia de praticar qualquer actividade física para além da indispensável. É pena, parece-me, porque talvez tivesse até algumas aptidões. Talvez a coisa tenha decorrido do facto de, em pequena, nunca me terem deixado experimentar as modalidades que me apetecia e me tenham obrigado a praticar aquelas que não queria (obrigada mamã!)… resultado: uma hora do lado de fora da aula de ginástica no Sporting, agarrada às pernas do meu pai a chorar “não quero, não quero, não quero!” e nunca mais pensei nisso. Gostava muito de ter experimentado o ballet e a natação mas “nãããoommm”!! Que fazia mal à menina, não sei quê, “deformava o corpo” e outras parvoíces… Já em adulta experimentei – só por três dias – o Windsurf e pareceu-me que teria jeito para a coisa, era puxado mas bom e tinha a força necessária… o material não era meu e as coisas não se proporcionaram de forma a continuar: paciência!
Nos anos mais recentes tenho uns sonhos esfumados de experimentar o Kitesurf (aquilo delicia-me) e a equitação (que a minha filha pratica há três anos e tal e com isso descobri que é capaz de ser bom!).

Agora, Yoga, é coisa que nunca na minha vida me passou p’la cabecinha praticar porque… “pfff… Yoga? Eu?… Ahahahahah!”… estão a ver?
Sempre imaginei a coisa como uma prática meio espiritual muito associada à meditação que é coisa que eu jamais me imaginei a ser capaz de fazer!!
Meditar? Relaxar? Oooom?? Eu???!! Mas nem que me dopassem!!…
Eu tenho a respiração toda desconcertada, ando sempre toda acelerada, tenho duzentas e sessenta e quatro coisas na cabeça ao mesmo tempo, pelo menos, e estou longe de ser uma pessoa calma e cool e pacífica e zen. Capice?
Portanto, meditar está muuuuito para além das minhas capacidades e relaxar só à bofetada ou com recurso a injecções de sedativos daquelas que dão aos leões quando lhes querem pôr um chip ou isso, estão a ver?
Fora isso a ideia da prática desportiva e do esforço físico é uma coisa que me aflige. Aquela coisa do jogging eu não percebo: mas correr para quê, corre para onde? Só se para fugir de alguma coisa ou correr atrás de outra! Agora, correr só porque sim… não, não é para mim!… E pedalar sem sair do sítio, então… bom…

A certa altura comecei a notar que algumas pessoas à minha volta praticavam yoga (mas eu sempre achei que era mais show off do que outra coisa) e ainda por cima algumas tinham a ousadia de me sugerir que experimentasse e que aquilo me devia fazer bem!… “Hello?? Mas não me conhecem??!!”

Mais recentemente fiquei ainda mais cercada de praticantes de Yoga do que em toda a minha vida: aqui ao lado tenho a mulher que me deu trabalho e que viria a ser o elemento catalisador (o que a malta não faz para impressionar o chefe!…), a minha prima L. também pratica (e um dia vou fazer um cartoon acerca disso) e, last but not – at all – least, o meu namorado que pratica Yoga há dez ou doze anos (quantos, mesmo, honey?). Ah! E parece que a mãe da minha amiga M. também põe a perna trás das costas, ou isso, e, enfim, se nós temos 37 e 38, a senhora não sei que idade tem, não vou perguntar, mas faz mais coisas daquele corpinho do que eu!!

O caso do namorado foi o que mais me surpreendeu porque, enfim, quando o conheci foi porque já o lia há algum tempo, tínhamos amigos comuns (agora não vem ao caso), e havia, hum… digamos, o interesse e curiosidade intelectual que me despertava e uma afinidade que não tinha qualquer contorno físico (ainda). Bom, mas lá o conheci (muito mais alto do que o tinha imaginado, despertou-me logo uma irresistível vontade de lhe saltar para o colo, mas não quero falar nisso…) e correspondia ao que eu tinha imaginado. Uma postura meio sóbria, recatada, com algumas surpresas na manga (ou por baixo dela) mas longe de me fazer suspeitar o que de lá viria. Percebi que tinha força, por qualquer movimetno involuntário que fez sobre a mesa quando fomos comer um hamburguer numa estação de serviço à noitinha, depois do nosso primeiro cinema…
Eis senão quando, o meu amor (41) se revela em todo o seu esplendor quando se despe!.. (OMG, estou a fazer subir a parada!… Shh! Quietas meninas, continuem a sonhar com o Gosling, ok?)
E mais, eis que eu percebo finalmente os benefícios da prática prolongada e assídua do Yoga… “no acto”! :))
Andava eu abananada com isto quando a minha big boss M.J. me desafiou a ir experimentar uma aula ali no Templo Hindu, aqui mesmo pertinho, em Telheiras, Lisboa.
Perdido por cem, perdido por mil. Fui!
E, pasme-se, adorei!!

Hoje (daqui a pouco) vou ter a minha 5ª aula. Infelizmente ainda não tenho maneira de praticar mais do que uma vez por semana mas queeeeeerooo!!!
Ainda não sei o nome das posições quando a Rita, a professora, as indica. Tenho que olhar para os outros e fazer. Mas adooooro aquilo! (O que nós praticamos ali, numa classe de iniciados, é Hatha Yoga Dinâmico – fui agora espreitar ao FB da professora.)

Todo o esforço é progressivo e não é uma daquelas actividades “aeróbicas” que detesto! Não. A coisa é toda feita numa espécie de aquecimento e alongamento progressivo e constante. Tudo é feito pausadamente mas ao longo da aula vamos conseguindo mais flexibilidade do que no início e há uma sensação de bem-estar que nos vai invadindo…
Nunca fizemos, até à data, nada de muito transcendental no sentido da meditação. Aliás, nunca nos sentámos (ainda?) naquela posição “à chinês” (como se dizia na escola) com as mãozinhas pousadas nos joelhos e os dedos unidos… Nada de Oooomms nem de mantras nem nada disso. Pelo menos não ainda!

É uma coisa muito física mas muito relaxante (Vê lá tu!! – Digo eu para mim) e saio de lá toda direitinha, eu que normalmente estou sentada a escrever com o queixo no teclado! :P
A única coisa assim mais Woooaaa!-zen-e-tal que eu ainda não estou a ver como raio vou ser capaz de fazer (os exercícios tenho fé de, com o tempo, ir conseguindo aprimorar) é aquilo de “apagar” no final. No fim da aula ficamos numa posição de… hum… morto? :) e enquanto ouvimos a música e seguimos as indicações da professora no sentido da abstração do corpo devemos… er… bom, isso mesmo: abstrairmo-nos do corpo!.. Há malta que adormece e há gente que voa (olá J.!) mas eu já me dou por satisfeita por conseguir relaxar os músculos! Mesmo, sei lá, os da cara e – vou tentar – os da língua! Enfim, relaxar tudo aquilo que, sem me dar conta, nunca está, de facto, relaxado.
Na primeira aula ouvi a professora dizer, enquanto estávamos de olhos fechados, qualquer coisa como “e agora sintam o corpo afastar-se do chão…” e pensei (lá está, pensei!!: Wrong!!): “oh meu deus, não vão começar todos a levitar, não?”. Mas não.

Nos dias que se seguem à aula sinto, geralmente, os músculos não doridos mas com um ligeiro “ardor”, como se tivesse sido tudo esticado. Como se eu tivesse estado pedurada, pelos braços, numa ponte, ou isso…
Mas já houve uma aula em que a Rita ia dando cabo de nós, contra a parede. Aparentemente nada de muito especial mas aguentarmo-nos aquele tempo todo com os braços “naquela” posição contra a parede, o corpo flectido e as pernas a pressionar o chão… Uff!.. E nos dias seguintes, podes crer que me lembrei de ti, Rita, oh lá se lembrei!…
Também teve graça (contando não tem, eu sei), na primeira aula, quando a estávamos numa posição a tentar permanecer em equilíbrio e a professora veio ter comigo e me começou a moldar e a corrigir. Eu fui cedendo, qual marioneta, àquilo que ela pressionava e corrigia e fiquei, assim, a pensar: “se ela me larga agora eu caio já para o lado”!.. Eis senão quando ela me diz: – “Agora descontrai aqui a cervical”. Eu desatei-me a rir (ela também) porque era impossível!! Se eu tentasse descontrair a cervical desfazia-me em mil pedacinhos!… e para isso era preciso, ainda, que eu conseguisse, de facto, fazê-lo!
Ou seja, percebi logo que o segredo (entre outras coisas) está na aplicação correcta das forças e o equilíbrio pode não surgir do mais óbvio. Quase sempre estou a fazer esforço no sítio errado, suponho!…

Enfim, agora que o meu guru pessoal já me emprestou um livro (perdão, um calhamaço!) sobre o assunto, vou tentar ir percebendo os erros que cometo, os princípios pelos quais me devo reger… e tentar decorar o nome das posturas!
Daqui a uns tempos voltamos a falar! :)
Uuuuh!…

PS – Aquela senhora senhora de cabelos brancos a fazer Yoga na foto de destaque é Bette Calman.

PPS – Deixo-vos aqui um videozinho para verem com paciência até ao fim. Credo! Aquela gente não é normal!!
E diz ali que é um nível intermédio!! Nem quero saber o que será o nível avançado!…

Comments
3 Responses to “Yoga, eu?!”
  1. Sara diz:

    LOL
    Adorei este post!!!
    Tb comecei a fazer yoga há uns anos (apesar de infelizmente não o ter conseguido continuar a fazer de forma regular), qd descobri que estava “velha” para continuar a fazer ballet (coisa que fiz dos 4 aos 23 anos…) e no início tb estava muito relutante, pelas exactas mesmas razões…
    Sou uma pulga eléctrica e a ideia que tinha de passar 1h30 quase sem me mexer… Afastava-me desta prática como o diabo da cruz…

    Mas a verdade é que tenho feito, tenho evoluído, tenho-me “viciado” e no ano passado até dei por mim a entoar mantras e a coisa é, na verdade, extremamente relaxante ;)

    (agora isto do vídeo, nem em 1000anos… é demais ;))

  2. joão diz:

    Também gostei muito do post, e teria uma história muito parecida para contar…. sempre fui um grande preguiçoso para actividades relacionadas com exercício físico.

    Apenas aos 45 anos comecei a fazer algum exercício num ginásio, e aos 50 anos descobri o yoga, e há 4 anos que tenho uma prática regular (diária) que demora entre 1:30 e 2 horas (às 7h da manhã).

    Apesar de ter pena de não ter descoberto esta “pérola” mais cedo, considero que nunca é tarde para começar a praticar yoga.

    Agora que começou, saboreie bem os beneficios que irá sentir com uma prática regular…

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