Revolucionar, flexibilizar, este blog e a marca para a qual trabalho.

ADENDA – A situação relatada nest post alterou-se. Ver mais abaixo. Obrigada.
Estou em falta para com este movimento há já alguns dias. Tinha prometido dar o meu testemunho em relação à conciliação entre o trabalho e a maternidade mas ainda não me tinha sido possível.
Tenho duas crianças, uma de 10 e outra de 2 anos (e meio) e a minha vida não correu bem como eu a tinha idealizado. Não me alongarei sobre isso, porque, aliás, já o fiz noutros blogues, e porque aquilo que pretendo agora é falar da minha presente situação. Devo apenas referir, para que se perceba o contexto, que mudei de profissão demasiadas vezes na minha vida, deixei de ter a disponibilidade para horários de trabalho que tinha quando ainda não era mãe, deixei de me imaginar em qualquer parte, a fazer qualquer coisa e com o mundo nas mãos. À arrogância do profissionalismo acima de tudo e à presunção de ser capaz de mundos e fundos, enterrei-as no momento em que prematuramente percebi que as minhas crianças, para colo, mimo, cuidados, atenção, quem as alimente, limpe, ouça, quem esteja ali, colocando-as como prioridade acima de todas as outras coisas, só me tinham a mim.
Não têm as avós que eu própria tive nem o pai (elas têm pais diferentes) que me calhou em sorte. E eu sou, essencialmente, muito diferente da minha mãe.
Eu não pude contar com qualquer flexibilidade por parte dos pais das minhas crianças no que diz respeito a trabalho e, devo acrescentar que, a partir do momento em que as tive lhes deve ter disparado (a eles) qualquer alarme biológico ancestral que os mandou “sair e caçar”… e eles esqueceram-se de voltar a horas decentes, aos fins-de-semana, de usufruir de férias, enfim… dedicaram-se às suas carreiras e ao seu sucesso profissional mais do que nunca. Escusado será dizer que eu me vi obrigada a mandar tudo ao ar, profissionalmente falando, a agarrar a maternidade com unhas e dentes e a assumir a paternidade eu própria, dado que todo o investimento parental era meu. Aconteceu-me por duas vezes, com 8 anos de intervalo.
Aproveito também para dizer que me separei duas vezes, pelos mesmos motivos, com os mesmos 8 anos de intervalo, com elas ainda muito pequenas (menos de 1 ano e meio de idade) e a conviverem comigo 24 sobre 24 horas até que a entrada para a creche, que se iniciou quando ambas tinham cerca de 1 ano, deixasse de as condenar a mais tempo em casa – comigo – do que na escola a somar viroses (como, aliás, é normal)… Podem espreitar esses momentos, de relance, aqui (cuidado aos mais sensíveis).
Depois da minha última separação, sem trabalho e ainda coxa de tempo, a dar o muito apoio necessário à minha família monoparental (apoio escolar, cuidados na saúde, etc., etc., tudo aquilo que é preciso fazer sendo só uma pessoa a fazê-lo), ainda sem saber muito bem em que área me lançar (eu, uma mulher que sempre se achou capaz de fazer praticamente tudo e bem!) e com a plena consciência das reais restrições de tempo que possuo, lancei um alerta no meu blog de então e no Facebook. Precisava de trabalho. Muito embora tivesse alguma dificuldade em encaixar uma vida profissional no caos sanguessuga que é a minha vida pessoal/familiar, tinha que o fazer. Porque a dependência económica dos pais das crianças (e dos meus próprios pais) me colocava numa vulnerabilidade (ainda para mais) injusta a comentários depreciativos, julgamentos infundados e injustos, e à mercê de uma total falta de visão da realidade prática, e que ainda hoje subsiste, do que é ter uma família e filhos a nosso cuidado (por parte de quem nos/as sustentava)…
O meu ideal de subsistência ainda não foi alcançado, de modo a poder prescindir das “beneméritas” contribuições paternais, mas a minha vida estaria prestes a mudar aquando desse pedido de ajuda cibernético. E a mão que me estenderam veio, curiosamente, de quem (contra tudo aquilo que me auguravam por tanto me expôr na internet) me lia já há tempo suficiente para ter visto de tudo, lido de tudo, e compreendido a imensidão das coisas. Uma mulher, claro, e mãe!, acrescento eu.
Foi assim que eu vim parar à PureLogicol Portugal.
E que importância tem o nome da empresa para a qual trabalho e qual a relação disto tudo com este próprio blog (denunciada pelo título ali em cima)?
Toda, e eu já explico porquê.
Fui convidada para me juntar à equipa da PureLogicol em Fevereiro passado, onde passei a tratar da comunicação de imprensa, dos conteúdos online e das redes sociais, a esboçar campanhas e estratégias de comunicação.
Na PureLogicol trabalhamos só mulheres (não que isso seja uma premissa) e tanto eu como a dona da empresa somos mães, com idades próximas e igual número de filhos (a nosso cargo).
Em parte pela natureza do meu trabalho e na outra parte pela natureza da minha directora, o trabalho que faço move-se dentro de uma flexibilidade de horários que me permite dar resposta aos horários escandalosos da escola pública (escandalosos perante as exigências laborais de hoje em dia, não que idealmente as crianças devessem passar todo o dia, de lua a lua, na escola!), à falta de apoios no estudo e soluções em termos de ocupação de tempos livres (para quem, como eu, não tenha dinheiro para pagar a terceiros que se ocupem destas tarefas), e à inexistência de pais ou avós disponíveis.
A PureLogicol Portugal, para além da simpatia que a marca a nível internacional inspira (no respeito por práticas correctas, pelo facto de não testar produtos em animais, etc), desenvolve a sua actividade num ambiente muito humano e com uma postura muito flexível em relação às pessoas com quem conta. Porque as pessoas são, de facto, um todo e, idealmente, em condições favoráveis ao seu bem-estar, pelo respeito a tudo o que as compõe, poderão desenvolver o seu trabalho com mais dedicação e empenho.
Assim eu dou por mim a pensar, “fora de horas”, em que mais poderei fazer pela empresa onde trabalho. Porque me sinto no “dever de compensar” aquilo que a empresa faz por mim. E palavra que, às vezes, me farto de puxar pela cabeça para criar “acontecimentos” que equilibrem os tempos de menor movimento ou fluxo de trabalho.
Foi também por isso que surgiu esse blog (também mas não só).
Tanto eu como a directora da PureLogicol já tínhamos tido blogues e somos seguidoras atentas de vários. Além disso gostamos de partilhar experiências e informação que nos chega das mais variadas fontes e que nos possa parecer útil aos outros.
O 30 e Picos, 40 e Tal, surgiu no trabalho. Tenho liberdade para escrever nele no meu horário de trabalho e faço-o (assim como em casa, à noite, na cama, se for caso disso).
Podemos dizer que este blog tem o patrocínio da PureLogicol e, aliás, ao decidir partilhar este post convosco decidi também criar uma barra de “sponsors” e colocar lá o logótipo da PureLogicol em primeiro lugar.
A comunicação das marcas de cosmética faz-se, hoje em dia, essencialmente através das revistas de Beleza ou “femininas”. Mas as regras da comunicação são muitas vezes selvagens e nem sempre é fácil, para uma marca que não tem, de facto, grande margem de investimento em publicidade, constar nos meios de comunicação e fazer-se notar como seria desejável.
Assim, e porque também sentimos que existem mais mulheres para além das retratadas no universo das revistas femininas, com outras preocupações para além do “sexo no escritório” ou “como lhe agradar a ele”, achámos que as mulheres que utilizam os nossos produtos (que estimamos numa faixa etária acima dos 30 anos) poderiam ter interesse noutro tipo de informação ou abordagem do mundo que as/nos rodeia. E decidimos criar este blog para comunicar e partilhar. :)
É, portanto, provável que de vez em quando vos falemos das últimas novidades que nos surgem aqui no trabalho, na marca. Mas devem saber que até ao momento isso ainda não aconteceu e posso assegurar-vos que não é nossa intenção monopolizar este espaço com acções publicitárias.
Partilharemos convosco as novidades PureLogicol assim como partilhamos os livros e os filmes, ou quem sabe outras marcas que, por algum motivo, mereçam a nossa atenção e nos pareça pertinente partilhá-las convosco. Foi decidido à partida que o 30 e Picos, 40 e Tal não se restringiria à mensagem da marca pela marca, mas que procuraríamos conteúdo que seguisse lado a lado com aquilo que somos e que julgamos que as nossas utilizadoras também são.
Termino assim este meu testemunho pessoal equanto mãe-galinha, trabalhadora dedicada e blogger desde 2006… uma misturada de assuntos todos metidos num post só, pois então, mas a vida é mesmo assim.
Obrigada por estarem desse lado! E obrigada a quem deste lado me permite, também, estar aqui. :)
ADENDA – ABRIL 2012 – A situação relatada neste post alterou-se. Já não estamos de forma nenhuma associados à marca. Nem a nível de trabalho nem a nível editorial. Obrigada.
Fotografia de Isabel Pinto, para a revista Xis.
Styling Lia Ferreira; Modelo Mariana Castro.